Com a morte de Afonso Pena, o vice Nilo Peçanha foi o primeiro brasileiro de origem humilde a se tornar presidente da República.
Nilo Peçanha |
Engana-se quem pensa que Luiz Inácio Lula da Silva, foi o primeiro presidente de origem humilde a governar o Brasil.
Com a morte do presidente Afonso Pena antes do fim do mandato, o vice, Nilo Peçanha, assumiu a presidência para governar por 13 meses.
Nilo Procópio Peçanha nasceu em Campos dos Goytacazes, norte do Rio de Janeiro, em 02 de outubro de 1867. Filho de Sebastião de Sousa Peçanha, lavrador que trocou as terras por uma padaria, Nilo passou a infância em um sítio onde recebeu as primeiras letras da mãe, Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha.
Quando criança, um dos seus passa-tempos prediletos era apanhar goiabas, daí ter ganhado o apelido de “Nilo goiabada”.
Cursou o 1° grau em sua cidade natal, completou os estudos na capital fluminense e se formou em direito pela Faculdade de Direito do Recife, em Pernambuco.
Interessado em política, engajou-se nas campanhas abolicionistas e republicanas e, em 1890, elegeu-se deputado constituinte. Em 1903, foi eleito presidente do Estado do Rio de Janeiro e, em 1906, disputou o cargo de vice-presidente da república na chapa de Affonso Penna, sendo eleito com 272.529 votos.
No cargo, protagonizou uma história curiosíssima: no início do governo, presidente e vice eram próximos, mas aos poucos se afastaram. Para não cair no esquecimento típico dos vices, Nilo adotou uma estratégia relatada pela historiadora Isabel Lustosa: toda vez que desaparecia da cena política postava em sua varanda um cabide repleto de quepes de militares, supostamente reunidos com ele, a fim de demonstrar prestígio.
Com a morte de Afonso Pena, no dia 14 de junho de 1909, o "pequeno do Sebastião da padaria", o menino de pele morena que entregava pães e entrou para a política, chegou ao topo de sua trajetória: a Presidência da República, aos 41 anos de idade.
Seu governo, que durou um ano e três meses, foi marcado por uma disputa sucessória entre São Paulo e Minas Gerais pelo poder do país. Tocou o programa de governo de Pena, marcado pelo incentivo à industrialização - associado ao protecionismo alfandegário -, à imigração e à construção de ferrovias, mas deixou sua marca: estruturou o Ministério da Agricultura, criado na gestão anterior, criou o ensino agronômico e estações experimentais de cultivo da cana-de-açúcar, criou a Diretoria de Meteorologia, subordinada ao Ministério da Agricultura, em 1909 e, no ano seguinte, o Serviço de Proteção ao índio. No campo da indústria, a siderurgia teve atenção especial: com o objetivo de introduzir o Brasil na “onda” da Segunda Revolução Industrial, montou uma comissão para incentivar a siderurgia, que serviu de base para a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em 1941, por Getúlio Vargas.
No final do seu mandato, administrou a questão sucessória com o lema “Paz e Amor” e concluiu o mandato em 1910, substituído por Hermes da Fonseca.
Nilo Peçanha ainda foi eleito senador pelo Rio de Janeiro (1912-1914) e mais uma vez renunciou para ser presidente do estado (1914-1917). Foi ministro interino das Relações Exteriores no governo de Wenceslau Braz (1914-1918) e senador de 1918 a 1920.
Voltou a disputar as eleições para a presidência em 1921, como candidato da chapa “Reação Republicana”, de oposição às oligarquias estaduais, mas foi derrotado.
O primeiro brasileiro de origem humilde a se tornar presidente da república morreu em 1924, no Rio de Janeiro.
Fontes: Revista Nossa História; netsaber.com.br.
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