Osso de mastodonte com a ponta de lança. |
Uma costela de mastodonte contendo uma ponta incrustada foi encontrada na década de 1970 em um sítio arqueológico perto de Manis, no estado americano de Washington. Após um reexame realizado por Walters, professor da Universidade do Texas, com o auxílio de diversas tecnologias, entre elas raio-X, tomografia computadorizada, espectrometria de massa e análise de DNA, detectou-se que a costela e a ponta incrustada tinham a mesma idade (cerca de 13.800 anos), que a ponta também era de mastodonte e a parte que está dentro da costela tem cerca de 27 centímetros, o que é muito parecido com as pontas de lanças usadas para caçar grandes animais; sugerindo assim, que já haviam humanos caçadores nas Américas antes do período Clóvis.
Essa teoria de ocupação foi criada a partir de pesquisas desenvolvidas no sítio arqueológico de Clóvis, nos Estados Unidos, segundo a qual a ocupação das Américas teria acontecido há cerca de 11.500, no momento em que a diminuição do nível do mar permitiu a emersão de uma faixa de terras que ligaria a Sibéria ao Alasca por meio do Estreito de Bering.
Alguns dos artefatos encontrados por Waters |
Na verdade a teoria de Clóvis já vinha sendo questionada a algum tempo e esse questionamento se intensificou com a descoberta de milhares de artefatos humanos, entre os quais pontas de lanças e flechas datadas de cerca de cerca de 13,2 a 15 mil anos no sítio arqueológico de DebranFranklin, no Texas, Estados Unidos, por Michael Waters e colegas, ou seja, bem antes da cultura de Clóvis.
“Espero que o trabalho de Manis junto com minha pesquisa anterior ajude a acabar de uma vez por todas com a idéia de que Clovis representa as primeiras pessoas nas Américas. Precisamos aceitar o fato de que pessoas ocuparam as Américas antes de Clovis e trabalhar na direção de um novo modelo de povoamento que inclua todas as Américas”, afirmou Waters ao iG. E completou: “Os dados genéticos nos mostram que as primeiras pessoas a chegar às Américas vieram da Ásia. Eles também parecem sugerir que a dispersão dos humanos modernos para o sul através das camadas de gelo da América do Norte ocorreu há cerca de 16 mil anos. Acredito que agora estamos vendo uma convergência dos dados genéticos e arqueológicos”.
Outro grande crítico do modelo de ocupação de Clóvis é o brasileiro Walter Neves, da Universidade de São Paulo e seus colaboradores. Eles defendem que as Américas foram colonizadas por duas correntes migratórias vindas da Ásia pelo Estreito de Bering e cada uma delas seria composta de grupos biológicos diferentes.
O diagrama mostra um esqueleto de mastodonte e a localização do fragmento de osso encontrado na costela |
A primeira teria chegado há 14 mil anos e seus membros teriam uma aparência entre a de negros africanos e dos aborígenes australianos. Um exemplo é o famoso crânio de 11 mil anos batizado por Neves de Luzia, encontrado na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1975. O segundo grupo teria chegado depois e dele descenderiam todas as tribos indígenas do continente. Recentemente, Neves e Mark Hubbe, da Universidade Católica do Norte (Chile), publicaram um artigo na revista American Journal of Physical Anthropology dizendo inclusive que crânios como o de Luzia (mais africanos) seria o formato original dos crânios humanos modernos quando eles saíram da África para colonizar o Novo Mundo.
Fotos: Science/AAAS. FONTE: Último Segundo.
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