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Alenquer

Imagens de Alenquer

ALENQUER

POPULAÇÃO:
51.326 habitantes. Fonte: IBGE-2010

LOCALIZAÇÃO:  
O município de Alenquer está localizado à margem esquerda do Rio Amazonas e do Rio Surubiú, na região oeste do Pará, mesorregião do Baixo Amazonas. Fonte: http://alenquer.50webs.com
Mapa de Alenquer
Fonte: Bússola-Alenquer

COORDENADAS GEOGRÁFICAS:
A Sede do município está localizada a  01º 56' 56" de latitude sul e 54º 45' 38" de longitude W. de Gr. Fonte: http://alenquer.50webs.com

LIMITES:
 Ao Norte: Almerim
Ao Sul: Santarém
A Leste: Monte Alegre
A Oeste: Óbidos
Fonte: http://alenquer.50webs.com

ÁREA TERRITORIAL:
 22.282.08 Km². Fonte: IBGE-2010

ALTITUDE:
 52 metros Fonte: IBGE-2010

DISTÂNCIA DA CAPITAL:
Em linha reta: 701Km    Por via Fluvial: 1.012 Km. Fonte: http://alenquer.50webs.com

CLIMA:
A temperatura relativamente elevada durante todo o ano, com clima de tipo xiroquimênico, apresenta diferenças insignificantes entre as médias mensais e atuais. A média é de 25,6º C com máxima de 30,9º C e mínima de 22,5 º C. A umidade relativa é elevada, com valores entre 79 % e 92 %. A precipitação pluviométrica varia entre 1.600 a 1.800 mm anuais O clima segundo Köppen, varia de Aw' a Ami. Há duas estações bem definidas a que vai de dezembro a julho, com chuvas abundantes e outra de agosto a novembro, caracterizada por uma estação seca, com totais mensais inferiores a 60 mm. Fonte: http://alenquer.50webs.com

SOLO:
Latossolo Amarelo distrófico textura média e areia quartzosa distrófica; Podzólico Vermelho Amarelo textura argilosa e Podzólico Vermelho Amarelo equivalente entrófico textura argilosa, gley pouco húmico, entrófico textura indiscriminada e solos Aluviais entróficos textura indiscriminada. Fonte: http://alenquer.50webs.com

VEGETAÇÃO:
Floresta equatorial úmida, está presente nas terras firmes, apresentando espécies variadas, incluindo a presença de castanheiras que ocorrem de modo constante, nas áreas de solos com acidez mais baixa. Nas áreas mais baixas sujeitas a uma umidade mais elevada, a vegetação é de várzea, com a presença freqüente de palmeiras, intercalada com a vegetação. Fonte: http://alenquer.50webs.com

TOPOGRAFIA:
A topografia do município apresenta variações altimétricas de certa relevância, considerando-se sua porção setentrional, localizada em áreas do planalto Dissecado Norte da Amazônia, cuja comprovação é facilmente percebida pelos trechos encachoeirados dos rios Curuá e Cuminapanema, e cujas maiores elevações ao norte, atingem cerca de 400 m. Fonte: http://alenquer.50webs.com

HIDROGRAFIA:
Principais rios: rio Amazonas no sul que faz limite com o município de Santarém com seus lagos, furos e paranás, entre os quais o Paraná de Alenquer que banha a sede municipal. Rio Curuá que nasce no município e corta o seu território no sentido nortesul, apresenta dificuldade para a navegação no seu médio e alto curso, devido a grande intensidade de cachoeiras e corredeiras, tais como: Cajuti, Benfica, Brigadeiro, etc. Desemboca no lago dos Botos e se interliga ao Amazonas pelo paraná de Alenquer. Os seus principais afluentes são: pala margem esquerda o Igarapé do Inferno e pela margem direita, os rios Mamiá e Cuminapanema. Fonte: http://alenquer.50webs.com

TURISMO:
Alenquer consta com muitas belezas naturais, como cachoeiras; formações rochosas erodidas pelo vento que remontam à 12 mil anos; cavernas com pinturas rupestres até hoje não decifradas; arquitetura de casas em estilo colonial com ruas estreitas, vestígio da época áurea da borracha; A festa de Santo Antônio, no mês de junho, é uma grande atração na cidade, nos 13 dias (de 1º a 13 de de junho) da festa alenquerense, há grande número de visitantes na cidade. Dentre as atrações turísticas naturais podemos citar:

Praia de Iracema
Um quilômetro de areias brancas e águas claras orladas pelo verde escuro da mata, compondo um cenário de sonhos a 3 km do centro urbano, com infra-estrutura de apoio para visitantes. O acesso pode ser rodoviário ou fluvial.

Cachoeira Véu de Noiva e Cachoeira Preciosa
As cachoeiras Véu de Noiva (25 m) e Preciosa (45 m), são acessíveis por uma trilha que acompanha o igarapé no qual se depara com orquídeas e bromélias ao longo das diversas corredeiras imprensadas entre paredões de pedra em alguns trechos da trilha. Vale de belezas naturais, rico em vida humana. Preserve-o.

Lago Curumum
Não fosse doce, seria um mar interior. O enorme lago, com 3 km de comprimento e 1,5 km de largura, é pouco profundo, muito piscoso e forma duas belas praias, ambas com infra-estrutura para visitantes. Fica a 6 km de Alenquer e o acesso pode ser rodoviário ou fluvial, este o preferido pela beleza da viagem que corta verdadeiros jardins de vitória regia.

Desfiladeiro
Quase escondida por espessa vegetação, a enorme fenda, que na garganta atinge 300 m de profundidade e 300 de largura, terminando em uma encosta íngreme, ornamentada por uma cascata de águas cristalinas com 80 metros de queda livre. O sitio, a 70 km da cidade, é de difícil acesso. Mas a visita é inesquecível.

Cidade dos Deuses
O tempo e o vento mostram sua arte nas enormes rochas que surpreendem pela beleza e harmonia de linhas e guardam, nos grandes paredões e grutas, milenares inscrições rupestres. O sitio fica a 34 km de Alenquer e o acesso é rodoviário, pela PA-254.
Fontes:
http://www.istoeamazonia.com.br
http://www.portalnahora.com.br

HISTÓRIA:
Logo depois de fundada a cidade de Belém, em 1616, e uma vez criada a Capitania-Geral do Grão-Pará e Maranhão, tornou-se necessário iniciar a efetiva ocupação da riquíssima região mais a Oeste (que hoje corresponde aos Estados do Pará e do Amazonas).
Ao lado das expedições militares, a catequese dos indígenas foi de suma importância para a posse definitiva desse vastíssimo território, como bem acentuou o historiador João de Palma Muniz no seu relatório sobre a Delimitação Óbidos-Alenquer apresentado ao governador Antonino Emiliano de Sousa Castro, em 1923 (p. 5).
 Na história do Brasil, quando se fala ou se escreve sobre as missões religiosas, destaca-se sempre em primeiro lugar o trabalho dos padres da Companhia de Jesus, os jesuítas, como Manoel da Nóbrega, José de Anchieta, Antônio Vieira, Philippe Bettendorf e outros tantos que, realmente, muito fizeram pelos seus protegidos, os índios brasileiros.
 Mas não se pode ignorar que os franciscanos foram os primeiros sacerdotes que pisaram o solo brasileiro e também os primeiros religiosos a pregarem o Evangelho nas vastas florestas virgens da Amazônia. A história das missões franciscanas na bacia amazônica começa, de fato, com a jornada de Francisco Caldeira Castelo Branco e, nos primeiros anos, a presença desses religiosos está mais ligada à fundação e à história de Belém.
Numa primeira fase, chegaram ao Grão-Pará, vindos de Portugal, em 1616, ou 1617, os franciscanos da Província de Santo Antônio. Mais tarde, em 1692, ou 1693, vieram os franciscanos da Província de Nossa Senhora da Piedade, que se localizaram especialmente no baixo Amazonas. E, numa terceira etapa, já por volta de 1706, também aportaram na região os padres franciscanos da Província de Nossa Senhora da Conceição, conhecidos como os Antoninhos da Conceição da Beira e Minho. Na verdade, a Metrópole portuguesa – conforme relata Palma Muniz – no intuito de regularizar a entrada desses religiosos na bacia amazônica, estabeleceu uma espécie de divisão do respectivo território, para melhor aproveitar o esforço catequista, e, assim, foi reservada aos frades capuchos da Província de Nossa Senhora da Piedade “grande parte da margem esquerda do Rio Amazonas” (op. cit., 6).
 O sistema de catequese dos franciscanos na bacia amazônica era o de aldeamentos, baseados quase sempre no descimento ou descida dos índios para lugares sob a proteção dos religiosos – chamados missões –, com a finalidade precípua de resgatar os nativos escravizados pelos colonos portugueses ou aprisionados por tribos rivais. Isso, naturalmente, deu causa a inúmeros conflitos entre os colonos portugueses e os religiosos, que culminaram, mais tarde, com a expulsão dos catequistas da região. Em fins do século XVII, os capuchos da Província de Nossa Senhora da Piedade já haviam fundado, na região do baixo Amazonas, uma missão à margem esquerda do Rio Amazonas, no Lago do Arapucú, meia hora acima da parte mais estreita do grande rio (a sua “garganta”, com apenas 1.892 metros entre uma margem e outra), aí concentrando os índios Pauxis, donde a denominação de Aldeia dos Pauxis ou Aldeínha. Por essa mesma época, os mesmos capuchos fundaram a missão do Curuá, reunindo os índios Barés ou Abarés, à margem esquerda do rio Curuá, pouco acima de sua foz.
Fulgêncio Firmino Simões, o notável historiador alenquerense, em sua magnífica obra O Município de Alenquer – Seu Desenvolvimento Moral e Material e seu Futuro – Estudos históricos e geográficos (editado pela Livraria Loyola, de Belém, em 1908), assim como João de Palma Muniz, no seu relatório supra citado sobre os limites entre Alenquer e Óbidos, e, sem querer ombrear-me com tão ilustres vultos, eu próprio, em textos que escrevi em idade juvenil, todos nós confundimos, inadvertidamente, como muitos outros pesquisadores, os capuchos da Província de Nossa Senhora da Piedade com os capuchinhos.
 Na verdade, como elucida um documento oficial da Cúria Prelatícia de Santarém, “naqueles tempos, os padres franciscanos foram chamados de capuchos e assim são citados nos documentos, razão porque, muitas vezes, historiadores modernos, enganadamente, os tomam pelos capuchinhos de hoje, os quais, por sua vez, outrora eram denominados barbadinhos” (v. Cinqüentenário da Prelazia de Santarém, editado em 1953, p. 12). Os fundadores da missão do Curuá foram, portanto, os capuchos da Província de Nossa Senhora da Piedade, e não os capuchinhos.
As fundações das missões de Pauxís e do Curuá ocorreram provavelmente entre os anos de 1692, ou 1693, data da chegada dos franciscanos de Nossa Senhora da Piedade à bacia amazônica, e o ano de 1697, quando o português Manoel da Motta e Siqueira, que acabara de construir o Forte do Tapajós (Santarém), iniciou, por ordens expressas do governador do Grão-Pará e Maranhão, Capitão-General Antônio Albuquerque Coelho de Carvalho, a construção de um outro forte, na angustura do Rio Amazonas, que recebeu o nome de Forte dos Pauxis, em torno do qual foram se agregando os índios aldeados pelos capuchos no Lago do Arapucú, dando origem à atual cidade de Óbidos. Segundo Fulgêncio Simões, ao reunirem, na margem esquerda do Rio Curuá, os índios Barés ou Abarés, formando a missão do Curuá, os capuchos da Província de Nossa Senhora da Piedade batizaram o novo aldeamento com o nome de Arcozellos – “que é o de uma localidade portuguesa, d’onde talvez fosse natural o chefe ou algum dos ditos capuchinhos” (op. cit., p. 14). Documentos históricos melhor esclarecem, entretanto, que a denominação de Arcozellos somente foi dada à missão do Curuá ou aldeia dos Barés ou Abarés cerca de sessenta anos mais tarde, em 1758, quando o então governador do Grão-Pará, o Capitão-General Francisco Xavier de Mendonça Furtado, como veremos em outro capítulo, implementou o projeto do seu irmão, o Marquês de Pombal, ministro do Rei Dom José I, de “transformar a Amazônia em outro Portugal, substituindo-lhe os bárbaros nomes nativos por outros da velha toponímia lusitana”, como escreveu Paulo Rodrigues dos Santos em seu notável Tupaiulândia (3ª edição, especial, ilustrada, de 1999, comemorativa dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, p. 135). E tanto isso é verdade que o verdadeiro e primitivo nome da aldeia dos Barés ou Abarés ficou indelevelmente perpetuado na denominação de um pequeno canal que liga o rio Curuá ao rio Macurá, que, segundo o próprio Fulgêncio Simões (op. cit., p. 14, nota 8), “foi mandado fazer pelos frades”, e que existe até hoje – o chamado furo do Baré.
A região da missão do Curuá em nada se assemelhava à imagem de um Eldorado incrustado no coração da Amazônia. Muito pelo contrário, caracterizava-se pelas “dificuldades de comunicação, aumentadas, no tempo do verão, pela deficiência de água nos dois estreitos canais da boca do rio Curuá, aliadas às endemias de sezões ali reinantes” (Simões, op. cit., p. 14). A todas essas vicissitudes somavam-se ainda os constantes conflitos, cada vez mais violentos, entre os colonos do vizinho Forte dos Pauxis e os religiosos do Curuá, cujos interesses colocavam-se em campos diametralmente opostos, pois os colonos utilizavam o trabalho dos índios em situação análoga à de escravos, tratando-os como meros “animais de carga”, enquanto que os capuchos empenhavam-se em livrar os gentios de tamanha exploração. Valiam-se, então, os religiosos, dos chamados descimentos ou descida de índios para lugares mais remotos, onde os portugueses não os pudessem capturar com facilidade. Foi com esse preciso escopo que os capuchos do Curuá promoveram, já nos primórdios do século XVIII, o descimento dos Barés ou Abarés, da missão do Curuá, e de índios do Rio Trombetas, para “o local sadio e farto” (na feliz expressão de Fulgêncio Simões) situado à margem do rio Surubiú, bem na sua confluência com o Igarapé Itacarará, que nele deságua, onde fundaram a missão do Surubiú ou Surubiju, que deu origem à atual cidade de Alenquer. Observa-se que, nessa época, pensava-se que o Surubiú fosse um lago. Esse equívoco persistiria por muito tempo e nele incidiriam até mesmo cientistas do porte de Spix e Von Martius, historiadores de renome como Antônio Ladislau Monteiro Baena, no seu Ensaio Corográfico sobre o Pará, e escritores consagrados como Francisco Gomes de Amorim, o bardo lusitano que viveu parte de sua juventude no Lago do Curumú, registrou esse fato no seu livro de poemas Cantos Matutinos (1858) e valeu-se da paisagem paradisíaca desse lago como cenário da sua mais famosa peça teatral, O Cedro Vermelho (1856). O descimento dos índios para a formação de novas povoações era considerado um crime contra os interesses da Coroa portuguesa e a descida que resultou na fundação da missão do Surubiú foi denunciada ao Rei de Portugal pelo governador do Grão-Pará e Maranhão, Capitão-General Alexandre de Souza Freyre, por ofício de 3 de outubro de 1729, como “um ato criminoso e desrespeito às ordens reais”, o que levou Dom João VI a editar a Carta Régia de 17 de maio de 1730, ordenando ao governador que mandasse de volta para o Reino os catequistas. Literalmente, nessa famosa Carta Régia (transcrita às páginas 303 e 304 do Tomo III dos Anais da Biblioteca e Arquivo Público do Pará) lia-se a acusação de que “... todos esses Missionários se ocupam em fazer descimentos para os lugares mais desviados do concurso das canoas, como foi uma que povoaram no Lago do Surubiô baixando os índios do Rio das Trombetas distante do mesmo Lago de que os índios não tinham notícia para pedir aquele sítio para aldear-se (...)”. Infelizmente, os documentos históricos conhecidos não registram o ano exato em que se deu o descimento para a missão do Surubiú. Fulgêncio Simões, com base no trecho acima transcrito da Carta Régia de 1730, e “atendendo à prontidão com que eram comunicados à metrópole os mais insignificantes acontecimentos”, é de opinião que a descida dos Barés ou Abarés e de índios do Rio Trombetas para fundar a nova povoação “teve lugar em 1729”, e aventa ainda que, “sendo certo que os missionários escolhiam para patrono das aldeias os santos do dia em que as fundavam, pode-se inferir que Alenquer foi fundada a 13 de junho desse ano de 1729, dia de Santo Antônio, que os mesmos missionários escolheram e ainda é o orago da localidade” (op. cit., p. 16). Sem embargo do arguto raciocínio do grande historiador chimango, a verdade é que nem a Carta Régia de 1730 e nem o ofício de 3 de outubro de 1729 revelam, com exatidão, o ano em que os capuchos do Curuá promoveram o descimento dos índios para fundarem a missão do Surubiú. Por outro lado, no documentário sobre o cinqüentenário da Prelazia de Santarém, que constitui uma excelente e minudente fonte de informação sobre o trabalho dos religiosos franciscanos na bacia amazônica, lê-se que, “no relatório das missões do Pará de 1720, já figura o nome da missão de Surubiju”, e que “como padroeiro da missão foi escolhido Santo Antônio, ao qual também foi dedicada a igreja” (Cinqüentenário da Prelazia de Santarém, p. 44).
Concordo inteiramente com Fulgêncio Simões quanto ao dia da fundação de Alenquer. É quase certo que isso tenha se efetivado num 13 de junho, dia consagrado a Santo Antônio, seu padroeiro desde sempre. Mas, quanto ao ano, o mais provável é que esse evento tenha se verificado bem antes de 1729, ano que a maioria dos alenquerenses, confiando nos ensinamentos do seu grande historiador, acredita ser o da fundação da sua querida cidade, muito embora tudo leve a crer que esse foi apenas o ano em que o Capitão-General Alexandre de Souza Freyre expediu o ofício ao Rei de Portugal, denunciando o “ato criminoso” imputado aos missionários, e não, necessariamente, o ano em que o fato efetivamente ocorreu. De qualquer modo, bendito foi esse “ato criminoso”, do qual se originou a pequenina Alenquer, mais tarde retratada, num verso do Padre Manuel Albuquerque, como – “Um sorriso de Deus feito cidade”.
Obs: esse texto foi transcrito do livro Alenquer, um sorriso de Deus feito cidade de Luiz Ismaelino Valente.

POSSÍVEL ORIGEM DO NOME “ALENQUER”:

Artigo de Margean Monte

Todo nome de cidade tem, ou deveria ter um sentido, um motivo. Deveria dizer algo sobre o lugar em si. Mas se é assim, então o que quer dizer Alenquer? De onde vem esse nome? Porque afinal Alenquer?
Antes de chegar ao nome Alenquer propriamente dito, vamos voltar lá para o início de toda a história da nossa cidade, quando tudo de fato começou.
Todos nós sabemos que nossa cidade primeiro foi uma povoação chamada Arcozellos, no local onde hoje é a cidade do Curuá. Não se tem a data precisa de sua criação, mas se observarmos a data da criação da fortaleza dos Pauxis, depois vila e cidade de Óbidos, e sem perder de vista a proximidade com o Curuá, teremos como mais provável o ano de 1697 para a fundação de Arcozellos. No arquivo público do Estado, segundo Fulgêncio Simões em seu livro sobre a história de nossa terra publicado em 1908, está a Carta Régia datada de 17 de Maio de 1730, que descreve e dá conhecimento à criação da aldeia de Surubiú, através do ofício do Governo da Província de 3 de Outubro de 1729, no qual os capuchinhos são "acusados" de fundar a aldeia, sendo neste mesmo ato mandado expedir ordem de prisão para 3 deles. Como era costume eleger como padroeiro o santo do dia em que fosse fundada determinada povoação, podemos aceitar como 13 de Junho de 1729 o dia de fundação da nossa cidade, o que quer dizer que estamos comemorando agora 271 anos de fundação.
Foi em 1758 que o nome "Alenquer" entrou na história, quando o então Governador da Província do Grão-Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, que por aqui passava em direção à província do Rio Negro, hoje estado do Amazonas, elevou a aldeia de Surubiú à categoria de vila, mudando assim o topônimo para Alenquer, obedecendo a Carta Régia de 6 de Junho de 1755, que lhe determinava elevar à vila as povoações que tivessem condições para tal, dando às mesmas nomes de cidades portuguesas. Aí é que a coisa complica! Surubiú é até fácil explicar: nome indígena que vem de surubi ou surubim, (aquele conhecido peixe liso) mais y ou yu (água). A pronúncia do y, significando água é quase a do u e por isso ficou Surubiú em vez de Surubiy, ou seja... algo como "água com muito surubim". Mas e Alenquer? Como é que uma cidade portuguesa ficou conhecida por este nome? Não há ainda uma narrativa definitiva e existem muitas versões e opiniões a respeito, pois perderam-se nas noites do tempo os fatos que conspiraram para tal. Porém, juntando-se os vários elementos disponíveis pode-se chegar à seguinte narrativa que certamente é a que mais se aproxima da realidade.
Segundo o diretor do Jornal D’Alenquer, Hernâni de Lemos Figueiredo, em seu "site" na internet sobre a cidade em questão, desde o século VI AC o lugar já apresentava um topônimo próximo ao atual, quando habitado, respectivamente pelos Celtiberos, Cartagineses, Lusitanos e Túrdulos (ALAN-KERK-KANA); a partir do Século II AC até o ano de 418 de nossa era, passou a fazer parte do império romano, tendo sido chamada de Arabriga, Gerabriga e Ierabriga, sendo que a partir de 418 entram na história os Alanos, por lá ficando até o ano de 714, fato este confirmado pela história da formação da família de sobrenome Alencar.
Os Alanos eram bárbaros que habitavam uma região bem Próxima ao Mar de Azov, nos limites territoriais da Rússia Européia. Em 374 os Alanos enfrentaram os Hunos, que deixaram sua posição no norte da Ásia em demanda da Europa.
Os Alanos foram derrotados. A descida dos Hunos provocou a reorganização de todas as hordas bárbaras que viviam nos limites da Europa oriental. Os Alanos então tomaram o caminho da Europa e, na altura da Romênia, aliaram-se aos Vândalos e Suevos. Em 406, cruzaram o Reno congelado e marcharam juntos sobre a Europa, saqueando e destruindo o que encontraram. Em 409 se estabeleceram na Gália. A chegada dos bárbaros foi muito bem recebida pela população,já cansada do domínio romano. Os Suevos integraram-se perfeitamente à região e de lá não sairiam mais. A região então dominada pelos Vândalos passou a denominar-se Vandaluzia, conhecida posteriormente como Andaluzia, na Espanha. A região dominada pelos Alanos passou a denominar-se Alenen-Kerk (Igreja), Alano Kerk e Alankerk (templo dos Alanos). Já a partir de 714, foi dominada pelos Mouros, passando a chamar-se Alain-Keir (Fonte Abençoada) e El- Haquem (O Governador). Desde 24 de Junho de 1148, quando a cidade foi dominada pelos portugueses, foi chamada de Alãoquer, Alunquer, Alon-quer, Alanquer, Alemquer (quando nossa cidade adotou o nome ainda era grafado assim) e finalmente Alenquer tal qual conhecemos hoje.
Por isso considera-se que o sobrenome Alencar está intimamente ligado à povoação lusitana dos Alanos, que veio a posterizar-se sob o nome de Alenquer. Até antes de 1600, o sobrenome utilizado pela Família era Alenquer. Daí João Afonso de Alenquer, Vedor-Mor da Fazenda e mentor da conquista de Ceuta, em 1415, marco da expansão ultramarina Portuguesa; Pero de Alenquer, piloto notável, em cujas mãos estiveram as frotas de Bartolomeu Dias, em 1487, de Vasco da Gama, em 1497, e de Pedro Álvares Cabral, em 1500. A partir de 1600 já não é praticamente possível encontrar membros da Família usando o sobrenome Alenquer. A Família passou a adotar outro sobrenome em razão de fato desairoso, que marcou profundamente a Vila de Alenquer, seu núcleo geográfico. Tornara-se a Vila feudo de um nobre que durante a crise sucessória de que resultou a União Ibérica ficou ao lado do monarca de Castela, Felipe II. A então Vila de Alenquer, que era reduto Português de forte sentimento patriótico, ficou marcada assim com o colaboracionismo daquele nobre. A Família de Alenquer, então, em sinal de protesto e para que as novas gerações não ficassem marcadas por aquele episódio, adotou o sobrenome Alencar. Houve variações até que o sobrenome se firmasse (de Alancar, de Alanquer...). Quase um século depois ainda é possível encontrar familiares registrados como de Alancar.
São vários os nomes ilustres gravados na história que têm sua origem na cidade portuguesa de Alenquer. D. Dinis, rainha Santa Isabel, Luís de Camões (isso mesmo, Camões pode ter nascido em Alenquer), Tristão da Cunha, Visconde de Chanceleiros, Hipólito Cabaço, e tantos outros. O Infante D. Duarte nasceu em Alenquer em 11 de Julho de 1435. Como já dissemos, a Vila "Presépio de Portugal", como é conhecida por lá, tem uma origem ainda não perfeitamente definida. Para Damião de Góes, notável Alenquerense e cronista de estatura universal, a fundação de Alenquer dá-se no ano de 418 da nossa Era. Em 1148, depois de um cerco de dois meses, os mouros que então a habitavam, foram dela expulsos no dia de S. João pelos valentes guerreiros Cristãos, que o primeiro rei português em pessoa comandava.

 
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