BRASÍLIA - Oito em cada dez escolas públicas
ficaram abaixo da média no último Exame Nacional do Ensino Médio (2010). É o
que revelam os resultados do Enem por estabelecimento de ensino, que o
Ministério da Educação divulga nesta segunda-feira. O cálculo considera escolas
em que, pelo menos, 25% dos alunos participaram do exame. Entre os colégios
particulares, 8% não conseguiram superar a média nacional - um décimo do índice
verificado na rede pública.
A média geral dos estudantes do último ano do ensino médio foi de 553,73
pontos, numa escala até 1.000. A nota considera o desempenho tanto nas provas
objetivas quanto na redação. E é ela que serve de referência para determinar
quantas escolas ficaram abaixo da média nacional: nada menos do que 8.926
estabelecimentos públicos e 397 privados. Considerando apenas a nota geral nas
provas objetivas - 511,21 pontos -, 80% das escolas públicas ficam abaixo da
média.
A diferença entre a rede pública e a particular é um desafio para o
sistema de educação brasileiro. E o Enem 2010 apresenta novos dados sobre o
problema. Das 20 escolas com maiores médias, 18 são privadas e as duas públicas
são vinculadas a universidades federais. Na outra ponta, todas as 20 piores são
públicas, assim como as 100 unidades com notas mais baixas. Entre as mil
escolas com piores médias, 995 são públicas e apenas cinco, privadas.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, lembra que outras avaliações já
mostraram o abismo entre a rede pública e a particular. Para ele, é natural que
existam escolas com melhor e pior desempenho, independentemente da rede à qual
pertençam. O problema, observa o ministro, é mundial. No caso brasileiro,
porém, o absurdo está no grau de desigualdade:
- É assim no mundo inteiro. O que chama a
atenção no Brasil é que as distâncias são intoleráveis. Mais de dois terços da
explicação de qualquer desempenho está fora da escola. É diferente uma escola
em um bairro nobre, com um investimento anual dez vezes superiores ao de uma
escola pública, em área rural, que atende filhos de lavradores que não tiveram
acesso à educação.
Situação diferente é a de
estabelecimentos com perfis semelhantes em termos de localização, financiamento
e alunado, mas rendimento escolar discrepante. Nesses casos, segundo Haddad, o
gestor precisa tomar providências para melhorar a escola com fraco desempenho e
replicar experiências de sucesso:
- Quando tem a mesma clientela e
desempenho desigual, aí cabe ao gestor público agir.
O ministro ressalvou que o Inep tem
resistências à criação de rankings. Um dos motivos é que a qualidade das
escolas, segundo ele, envolve outras dimensões além do exame. Ainda mais que o
Enem é um teste voluntário, de modo que a amostra de alunos nem sempre tem
validade estatística para representar o universo da escola. Entre as 20
primeiras, a parcela de concluintes que fez as provas supera os 84% em 19 delas.
Em 2010, o Enem atraiu concluintes de
23.900 escolas de ensino médio regular. Excluídas as unidades com participação
inferior a 25% ou menos de 10 inscritos, esse número cai para 16.226 escolas. A
maioria delas - 9.323 ou 57,5% - ficou abaixo da média geral. Na ponta de cima,
6.903 escolas superaram a média. Nesse grupo, 4.713 eram particulares e 2.190,
públicas. Das mil escolas com maiores médias no Enem, 912 eram privadas e 88
públicas.
FONTE:
O Globo.
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