A participação das mulheres alemãs nos campos de concentração durante a 2ª Guerra Mundial está sendo desvendado.
Em dezembro de 1946, começavam a ser julgados por crime de guerra os
acusados de serem responsáveis por
Ravensbrück, o maior campo de concentração para mulheres na 2ª Guerra Mundial.
Ao todo, 38 pessoas foram julgadas, sendo que 21 delas eram mulheres.
O episódio jogou luz na obscura participação feminina nos horrores do nazismo.
O campo de Ravensbrück se tornou notório por ser o principal local de
treinamento das mulheres que atuavam como guardas no Terceiro Reich, conhecidas
como Aufseherinnen (Superintendentes). Lá elas aprendiam técnicas de abuso
psicológico e físico. Irma Grese, conhecida como a “Hena de Auschwitz” começou sua
carreira em Ravensbrück em 1942.
O campo também era conhecido por ser administrado quase que
completamente pelas Aufseherinnen, sob o comando de Dorothea Binz. Ela foi
acusada de atirar, chicotear e ordenar ataques de cachorros contra as
prisioneiras. Apesar de as mulheres não serem aceitas como guardas da SS (a
brutal polícia secreta de Hitler), elas trabalhavam como assistentes da
corporação. Segundo a escritora Rochelle G. Saidell, a maioria delas vinha da
classe média e se tornavam guardas para ganhar status social.
Quando Ravensbrück abriu, o local o local era relativamente menos brutal
que outros campos de concentração. Porém, com o decorrer da 2ª Guerra, as
condições começaram a se deteriorar. Para atender as demandas dos esforços de
guerra nazista, as prisioneiras tinham que trabalhar em condições cada vez mais
árduas, com muitas delas chegando a morrer. Setenta e quatro prisioneiras
polonesas também passaram por experimentos médicos tenebrosos no local.
Ao todo, cerca de 130 mil prisioneiras passaram pelo campo de
concentração. Entre elas estavam comunistas, acadêmicas e ciganas. Algumas
foram presas com os filhos, outras deram à luz em Ravensbrück. Estima-se que 26
mil prisioneiras eram judias. Segundo Saidell, eram elas que sofriam os piores
tratamentos. Entre 1942 e 1943, elas foram removidas do local, sendo enviadas
para Auschwitz e para as câmaras de gás em Bernberg.
No final da guerra, os guardas da SS, as Aufseherinnen e pessoas que
tinham funções administrativas em Ravensbrück, foram presos pelos Aliados. Ao
fim do julgamento, 16 pessoas foram consideradas culpadas por crimes de guerra
e crimes contra a humanidade. Dessas, 11 foram condenadas à morte (sendo que
duas cometeram suicídio antes de serem executadas), uma morreu durante o julgamento
e quatro tiveram sentenças que variavam entre 10 e 15 anos de detenção.
Enquanto outros campos se tornaram sinônimos dos horrores do nazismo,
a história de Ravensbrück é relativamente desconhecida. Esse esquecimento se
deve em parte ao local ter abrigado somente mulheres, mas também porque ele
ficava na parte oriental da Alemanha, que após a guerra ficou sob domínio
soviético. Por isso, pesquisadores ocidentais praticamente não tiveram acesso
ao local devido à Guerra Fria. Foi só após a queda do muro de Berlim que Ravensbrück
e o papel das mulheres no nazismo começaram a ser estudados com maior
profundidade.
FONTE: Seuhistory.com
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